João vive numa cidade onde todas as pessoas usam roupas azuis. Todos são felizes e contentes nas suas "azulidades" até que um dia João sem querer deixa derramar em sua bela e novíssima camisa pólo um copo de suco de caju, devidamente amarelado por natureza. A camisa fica verde naquele lugar por causa da nódoa. João, curioso que só ele, decide fazer quatro litros de suco e neles mergulha sua camisa. "Por Deus! Ela está toda verde!". João, então, sai pela cidade em pleno sábado depois da missa, todo desconfiado, mostrando sua camisa diferente. A população entra em choque: "Como pode?", "Quem ele pensa que é pra querer aparecer mais que os outros?", "Esse sujeitinho aí nunca me enganou!". Sim, tudo porque João fez algo de diferente. Provavelmente ele será queimado numa fogueira.
"Quanta bobagem!" "Que história mais idiota!" "Perdi meu tempo lendo isso!". Bom, então pare, creio que simples letras como essas não são capazes de mudar seu ponto de vista. Continuarei independentemente disso com meus devaneios:
Este pequeno pedaço de porcaria com o qual iniciei a postagem tão somente serve para exemplificar de modo esdrúxulo como funciona a cabeça de todo e qualquer ser humano, seja ele qual for, em pelo menos um dos vários tabus estabelecidos pela vida em comuna. Falarei especificamente de um, pois, relacionado à nossa querida cidade Caicó (servindo também para qualquer cidade pequena interiorana) - o preconceito musical. Pra quem ainda não percebeu, este blog tangencia para o rock, portanto, falo em nome desta minoria. "Nordeste, cidade de interior, rock? Tu é doido é?" - não, apenas escolhi. Sigamos.
É de conhecimento superlativo que o forró domina nestas áreas, seguido por axé, pagode, samba, afoxé, ilê-aiê, kuduro, bate-lata, latido de cachorro, zuada de porca parindo e, lá na rabeira, rock. O rock aqui simplesmente não tem vez. Nem se balance pra reclamar, o rock aqui é esse povo que "veste camisa preta", que "escuta música do cão", que "é tudo doido", pronto, esse povinho mesmo. Não tem jeito, é do rock, tá lascado. Perceberam o drama? Pronto, é desse jeito. O povo não se mistura se o assunto "rock" está em jogo.
Agora vem a bomba: o pessoal do rock, da mesma forma, age agressivamente quando se fala em forró, ou axé, ou porcas parindo. Para eles (nós?) é tudo "uma ruma" do que o gato enterra.
"Ôxe! Tu tá de que lado, mané?" Tou do lado da razão, digo-vos. Esta rivalidade é uma babaquice da mais extrema demência que possa vir a existir. O rock é rival do forró? A polca é rival da valsa? A lambada é rival dos seresteiros? Os caras que tocam repente toda quarta-feira lá na rodoviária são rivais da música eletrônica? Não!
Desde quando o caráter de uma pessoa se determina pela comida que ela come? Ou pela sandália que ela veste? Ou pelo sotaque que ela fala? Ou pela pior das porcarias anômalas que venha a passar por sua cabeça (desde que devidamente não exteriorizadas ^^)? Ora, somos nós, seres humanos, aquilo que fazemos de bem ou de mal, pelo que contribuímos ou maculamos, não pelo que preferimos ou escolhemos para nós de caráter íntimo. Desde quando, na história da humanidade, uma simples escolha de posicionamento de gênero musical fez tanta diferença? Por que tanto preconceito? É necessária essa aversão? E por favor, não se faça de ignorante aquele que não é "do rock" ao dizer que nunca viu esse tipo de atitude negativa. O pior cego é aquele que é burro, pois todo cego quer ver... (piadinha desgraçada, não?)
As pessoas olham feio sim! Pensam de forma pejorativa sim! Evitam se relacionar sem nem ao menos dar uma chance SIM! Isto, queridos leitores que aqui ainda continuam, não faz o menor sentido, ainda mais por ser com relação à uma coisa tão simples quanto música. Neste mundo onde se mata por migalhas (quem dirá por poços de petróleo), a culpa é toda nossa por criar segregações e classes. Cabe a nós primeiramente a mudança individual, para posteriormente pensarmos em algo maior, sem deixar-nos contaminar por picuinhas.
Enfim, já cansei de digitar (mas não se enganem, não cansei de pensar, nem irei). Desculpem "minhas" incoerências, mas no "meu" mundo existente apenas em "minha" cabeça e que só "eu" entendo, esse texto faz sentido. Nesse mundo a tolerância também se faz uma palavra literal. As aspas ficam à critério de cada um.
11 comentários:
Caralho os testos desse doido tão cada dia melhores. me fasem refletir bastante. São coisas que tamben tinha em mente, Acho uma idiotice ver alguem disendo "odeio foro", me pergunto eu será que uma pessoa tem antos motivos asim para não gostar de um genero musical? devemos odialo so porque os que gostam dele nos recriminam? Acho que não Né??
PS: gosto de rock e não to nem ai pro foro se ele presta ou não
Eu gosto é de mulheres... toco rock com meu contra-baixo e danço forró com as cabôca...
"Que vida boua... uôuôuô... que vida boua... três patinho nadaru na região aquática!"
Odeio foro
Powxa, eu amo baralho de porcas parindo :\
rapaz os melhores postes dessa tabaca eh de gustavo
hehehe
também concordo com gustavo
existem preconceitos em toda parte sim
não tem pra que uma guerra idiota, cada um tem sua cultura e etc...
Prefiro os posts do popai, as dicas de cds dele é massa.
Por falar nisso, quando vai ser o tributo a joey?
eu gosto de sushi com suco de laranja.
eu gosto da nova gramática da língua portuguesa
Esse menino tá inspirado!
Texto fodástico!
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