Eu sou estranho, fato. Não participo dessas manifestações populares, não gosto de lugares movimentados, procuro sempre estar em locais com poucas pessoas - e de preferêrencia eu conhecendo a maioria. Por que isso logo no início? Para lhe dar a opção de continuar lendo ou não.
Caicó Fest: grande evento de massa em seu quarto ano, carnaval fora de época que se prolonga por três dias e que está a cada ano maior e mais famoso, atrai turistas e traz rendas para nossa cidade, não importando a distribuição.
Gustavo: esse que vos escreve, tendo WART como alcunha no mundo virtual, 24 anos, apesar de ter concluído o ensino superior, ainda estudante, conhecedor das noites caicoenses há quase dez anos.
O que teria eu a reclamar? Pois bem: como dito, há quase uma década moro aqui, Caicó - morei dezesseis anos em João Pessoa, a título de informação. Aqui cheguei e me adequei à cultura, aderi aos costumes, ao modo de se comportar, ao modo de falar, ao modo seridoense de levar a vida. Sim, me sinto um caicoense e respeito as tradições locais - ao menos as dos antigos. O que me faz ficar chateado é o que agora exponho: há tantos anos moro aqui, sempre seguindo regras, sempre tratando bem as pessoas e nunca extrapolando meus direitos e, numa época como essa que agora cito como exemplo, as coisas fogem do controle.
Moro próximo à UFRN, ponto de partida do Caicó Fest. Ora, sexta-feira, o primeiro dia do evento, 10 horas da manhã, já existem carros fazendo duelos de som, cada um que queira mostrar quem tem o som mais poderoso - contrastando certamente em potencial com sua própria pessoa. Pra que isso? Em meio a toda aquela barulheira, duvido eu que alguém possa conversar de forma inteligível, apenas se bebe e se balança a cabeça - tudo bem, talvez seja um modo particular de comunicação. Mas está tudo em paz, releva-se, afinal, são apenas três dias de folia, não posso eu querer estragar a brincadeira dos meninos. O dia segue em meio à barulheira, sem crise.
Chega a noite. Eu, com minha mente já em Plutão, resolvo sair pra beber umas cervejas pra descontrair. A noite é muito boa, bebo com meus amigos, esqueço do dia infernal, as horas passam e chega o momento de voltar para casa. Incidentalmente, esse momento coincide com o fim do festejo...
Três vezes. Três foi o número de vezes que eu ia sendo atropelado ao voltar para casa. Três. Creio que do ponto do qual saí até a minha residência não seja dois quilômetros. Voltei a pé, como tenho o costume de fazer há quase dez anos. Nesse intervalo de tempo, cerca de 15 minutos, quase fui atropelado três vezes. Tenho direito de reclamar? Tenho sim! Prezo, pois, pelos bons costumes da minha cidade, respeito a todos que aqui residem, nunca interferi no direito do próximo e por quê, por que vos pergunto, teriam essas pessoas - possivelmente embriagadas - o direito de estragar minha noite, ou ainda mais, minha vida?
Não, não estou criticando diretamente o Caicó Fest, nem estou me direcionando de forma restrita a qualquer grupo de pessoas, sendo esses turistas ou não, estou tão somente falando sobre direito. A que ponto pode chegar o interesse coletivo em detrimento do interesse individual? E não somente isso, pois falo por mim, mas muitas outras pessoas correm o mesmo risco que corri, falo sobre a segurança dos vários cidadãos que ficam à mercê da sorte daqueles que exageram.
Uma coisa é certa: jamais chego à casa de ninguém, sendo convidado ou não, para fazer bagunça. O respeito e a educação são valores totalmente subjugados na sociedade atual. Lamentável. Enquanto milhares se divertem, a sorte que cuide dos menos favorecidos. É normal viver nessa situação de risco?
"Ah, mas é carnaval, é festa, não seja chato! Tá toda a galera curtindo...". Jovem, em verdade te digo: a diversão coletiva jamais poderá se sobrepor, nem ao menos por em risco, à vida humana, ou animal, que seja. A história está aí para nos ensinar, vide - de forma simples, crua e direta - o coliseu.
Caso você tenha achado esse texto enfadonho, moroso, cadente de lógica, uma chatisse sem fim, resumirei: eu, Gustavo, andarilho das noites caicoenses, que não troco uma boa noite de cervejas e conversas fiadas com meus amigos por nada, apenas e tão somente peço: por favor, folião, não me atropele.
7 comentários:
Forrozeiro e/ou axezeiro mais carro com som de 1 milhão de decibeis no porta-malas, companheiros inseparáveis. O pior é que eles parecem que ficam "competindo" mesmo, hj mesmo presenciei isso, quando passeava pela noite caicoense com minha namorada. Um cara ligou seu carro de som em todas as alturas, bem ao lado de outro, que não deixava por menos. Depois de 1 minuto, quando o "invasor" viu que não conseguiu chamar atenção do grupinho(uns rapazes bebendo numa garagem(ou algo assim) no centro da cidade, ele desligou o som. Não fez tanta diferença, a música continuava alta, além de ser uma...
Em Caicó pode tudo, cara. Donos de trailers podem fechar ruas e impedir que o trânsito flua normalmente; podem-se fazer dezenas de festas na rua,, varando a madrugada, e os pobres e coitados que moram perto dos locais é que vão se fuder.
deviam aumentar ao menos a fiscalização nesse evento, mas fazer o que né? brasil e ainda caicó, o bom será quando ocorrer um acidente a nível maior, aí sim vão se preocupar
E iso piora mais ainda pelo fato de algumas pessoas pensarem de que não é necessário obedecer as leis de trânsito nas altas horas da madrugada. Lamentável isso...
Excelente texto!
pior foi na hr q o trio foi passando e um carro qerendo competir c o som do trio, eu cair de rir, mas ta imoral msmo, pq a pessoa n pode colocar o som em nivel ambiente, pq uma vea reclama, mas qando e uma festa, a policia so n manda agente tomar no cu
Ótimo texto.
Como um caicoenmse dos anos 40 e 50 lamento pela Caicó atual... E não sou saudosista não.
Um abraço.
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