segunda-feira, 29 de junho de 2009

Naquele tempo era bom demais...


Pensando cá com meus botões e ouvindo os foguetões da rua lembrei-me do "meu tempo". Naquela época, não sei bem ao certo com quantos ano de vida eu contava, eu só lembro que julho era o mês mais feliz do ano. Bem no comecinho de julho todos entrávamos em férias na escola e era aquela farra, ao contrário de dezembro, no mês de julho ninguém viajava e sempre estávamos todos reunidos brincando, arengando, bagunçando e dando trabalho aos nossos pais.

As brincadeiras eram as mais variadas: havia o resto de fogos do são joão para soltar, podíamos brincar de esconde-esconde, jogávamos vôley com uma rede feita de cordão de estender roupa, corríamos no pega-pega, alugávamos mais de cinco filmes de uma vez só, podíamos andar de bicicleta até mais longe um pouco, íamos aos clubes caicoenses tomar banho de piscina aos sábados, gravávamos músicas nas fitas K7 para depois copiarmos a letra e dublarmos fazendo coreografias, dentre outras. Mas havia ainda outra característica especial do mês julho que era esperar a festa de Sant'ana começar. Esperávamos com a maior ansiedade do mundo a chegada dos parques, esta era maior ainda quando víamos algum brinquedo novo ser montado.

Lembro que todo ano eu fazia um cofrinho com uma margarina seca para juntar alguns trocados para gastar na festa, mas eu nunca conseguia resistir e gastava na outra semana. Ainda me vejo tomando "abença" àquele meu velho tio de oitenta anos que sempre retribuía com um "agradinho" em notas ou moedas. E quem nunca voltou para casa com a boca vermelha de tanto tomar sorvete de máquina? De fato que eles eram super-higiênicos para não dizer o contrário, mas quem se importava? Lembro também da surra e das boladas que eu tomei na cara na primeira vez que eu fui dar uns pulos no balão, nunca esqueci, mas também foi a primeira e última, depois daquela não tinha quem me pegasse no "mortal".

Depois tudo mudou... e em vez de esperar julho para brincar ou para ir à pracinha procurar uma aventura no parque de diversões, nós saímos de casa para procurar as sobras dessa alegria pueril em outras coisas, as vezes em coisas artificiais que nem valem tanto a pena. Talvez ser feliz com pouca coisa,- sem buscar explicação ou sentido para sorrir - seja um dom que pertence apenas às crianças.

Enfim, mais um mês de julho começa e mais uma festa de Sant'ana está se aproximando. Nessa festa eu não terei meu velho tio para pedir abença. Não fico me perguntando quantas voltas eu darei por noite, nem tomo mais sorvete de máquina, mas com certeza eu darei umas voltas pelo parque em busca de aventuras, só para ver qual é... talvez monga, talvez canoão, talvez twister... quem vai comigo? Eu pago duas cervejas geladas depois. =)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Travesti também tem sonho de cinderela"

por Tahiane
A natalense Leilane Assunção cursa doutorado em ciências sociais, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Aos 28 anos, dos quais 18 foram vividos num corpo de homem, é a segunda transexual doutoranda no Brasil, também foi a primeira do RN a ingressar numa instituição de ensino superior.

Você é a segunda transexual brasileira a cursar doutorado. Quando você descobriu isso?
Eu não tinha nem acesso a essas informações sabe? Confesso que sempre fui muito desengajada dos movimentos sociais de cunho gay. Eu tenho uma crítica muito forte em cima desses movimentos, em termos de Natal pelo menos que é a minha experiência. Então, conseqüência inclusive desse desengajamento, eu acabei ficando alheia em relação a como isso estava acontecendo. Pra mim isso também foi uma surpresa, eu não sabia de nada. Resta saber quem vai ser a primeira a defender a tese né? Eu acho que uma corrida saudável acaba de se iniciar entre eu e ela. (risos)

Agora que você conhece as estatísticas, e a partir do momento em que isso se torna público, você se torna um exemplo. Como você lida com a responsabilidade de ser referência?
Há algum tempo eu comecei a ter clareza de que eu poderia em algum momento vir a desempenhar esse papel, principalmente quando eu me encaminhei pra terminar a graduação. A partir do momento em que eu terminei a graduação e entrei no mestrado, eu comecei a perceber o assédio moral de outros gays já me buscando como essa referência. E, confesso, é muito complicado porque as pessoas às vezes perdem um pouco a distinção entre a admiração e a imitação. Hoje, já no doutorado, com os amadurecimentos intelectuais que vêm se processando em mim, eu já começo a ter outra clareza dessa idéia de referência. Então, hoje eu compreendo um pouco melhor e acho que estou mais preparada para responder a essas solicitações, no entanto, essa coisa de “Leilane referência” eu quero que se manifeste como uma coisa intelectual, não como um modelo de transexual perfeita.

Você já tinha amigos gays e transexuais antes? Como foi a aceitação desses amigos quando você resolveu virar transexual?
Já... Mudou radicalmente. Quando eu era gay eu tinha uma relação melhor com os outros gays, quando eu passei a ser transex, eu passei a ter uma relação melhor com os outros transex. Por que dentro do meio existe muita rivalidade, muita intriga, disputa entre gays e travestis. Muitos amigos meus gays passaram a me discriminar, pararam de freqüentar a minha casa, não mais me convidar à casa deles...

Então existe preconceito dentro do próprio meio...
Às vezes ele é até mais violento do que fora do meio. Não que isso vá servir para justificar o preconceito hétero em relação à homossexualidade, já que existe preconceito contra a homossexualidade dentro da própria. É outra dimensão do preconceito que precisa ser igualmente combatida.

Como foi esse processo de inserção na universidade? Você já era transexual antes de entrar na UFRN ou foi um processo que aconteceu durante a vida acadêmica?
Aconteceu durante. Antes de entrar na universidade eu via em filmes, em novelas, onde muitas vezes se mostrava a experiência universitária como um divisor de águas, e eu almejava isso. Para mim foi nesse sentido mesmo, eu entrei uma pessoa e hoje sou outra. Quanto ao processo de inserção, eu posso lhe dizer que não foi nada fácil e continua a não ser. Eu vou usar uma frase do velho lobo Zagalo que diz: “Vocês vão ter que me engolir”. E eu acho que é mais ou menos isso que eu estou fazendo com a UFRN, a universidade tem que me engolir. Tem que me engolir porque simplesmente eu tenho os méritos para isso. Eu venho, desde a graduação, construindo uma trajetória intelectual, sócio-cidadã de respeito, digna, abrindo esse espaço cada vez mais. E eu sei que quando eu abro esses espaços eles não são só para mim, em longo prazo, eles são para o gênero.

Você sofreu preconceito dos funcionários da universidade também?
De toda sorte de criaturas. Passando por funcionários, seguranças, estudantes, professores, visitantes... Em todos os meios sociais nós encontramos pessoas preconceituosas. Eu não sei quando é pior: se é quando elas são instruídas ou quando elas são ignorantes. Por que quando elas são ignorantes o preconceito é vulgar e quando elas são instruídas o preconceito é cínico. Eu não sei qual é o pior, mas prefiro o cínico porque me permite responder à altura.

Geralmente existe um preconceito familiar enorme quando se é gay, e muito maior quando se é transexual. Como a sua família encara a sua situação?
Hoje em dia está mais tranqüilo, exatamente por causa dessas conquistas que me deram legitimidade dentro de casa. Então, por exemplo, eu sou de uma família de professores, tenho três irmãs professoras, uma inclusive mestre em ciências sóciais pela UFRN, ela foi até o mestrado e parou, ou seja, eu vou ser a primeira doutora da família e eu sou a filha mais nova.

E na época? Como sua família encarou?
Foi o seguinte: eu venho de uma família protestante, puritana, passei a minha adolescência incólume sexualmente, eu perdi minha virgindade aos 19 anos. Mas, por quê? Porque eu estava envolvida dentro de um conflito moral muito pesado dentro da formação que eu tive, o conflito da descoberta da homossexualidade aos 12, dos 12 aos 15 eu passei por um processo de depressão profunda, de negação. Dos 16 aos 18 eu passei por um processo de aceitação, uma fatalidade da vida: eu sou assim, não vou poder mudar. Não adianta nada pedir a Deus para dormir e amanhecer menina que isso não vai acontecer, porque eu, na minha ingenuidade, aos 12 anos, criada em igreja evangélica, tive coragem de pedir isso a Deus. E aí aos 18 chegou aquele período da aceitação que eu não me contentava mais em representar um papel social pra agradar a minha família. Cadê as namoradas que nunca apareciam? Eu era delicado, franzino... Sai de casa e me assumi. Mas dos 18 aos 21 eu passei por outra depressão profunda. Eu me assumi e não conseguia ser feliz ainda. Pensei “não adianta, um homem nunca vai me ver como mulher e me satisfazer sexualmente como eu desejo na condição física masculinha em que estou”. Nessa fase eu já cogitava virar travesti, mas eu pensava “E a carreira acadêmica? E os amigos? E a família? E os empregos?”. Mas um dia eu chutei o pau da barraca e pensei que nada iria valer a pena se eu não fosse feliz. Sumi da vida familiar por seis meses e comecei o meu processo... Só que a vida me fez ter que voltar pra a casa da minha mãe sem nada, depois de 4 anos morando só, acima de tudo nessa condição nova que ela ainda não conhecia.

Como ela reagiu a isso?
Quando eu cheguei em casa ela quase caiu pra trás. E começou a combater de todas as formas, ela tinha vergonha quando o pessoal da igreja chegava. Eu entendo o lado dela... Na época foi muito dolorido ver isso, mas serviu pra mostrar que a vida não é como a gente quer, a vida é como ela é! O tempo foi passando, eu virei bolsista CNPQ na graduação, minha orientadora foi lá em casa e me elogiou, eu terminei o curso, entrei no mestrado, mamãe fez uma festa de aniversário pra mim e vários professores meus foram, me elogiaram também. E o tempo todo naquele diálogo dentro de casa: “mamãe, o fato de eu ser travesti não significa que eu não tenha valores, que eu não tenha moral, dignidade”. Então, de tanto bater nessa tecla, de tanta conversa, de tanta conquista, eles cansaram de lutar contra. Eu sei que não é uma satisfação, acho que, com a idade que eu tenho, minha mãe queria que eu tivesse uns três filhos e fosse pastor de uma igreja evangélica.

Você luta pela cirurgia de mudança de sexo pelo SUS. Como anda o processo?
Acho que não vai sair tão cedo... O ministério da saúde baixou uma portaria que os hospitais universitários têm que adaptar, tem um prazo, mas me parece que aqui em natal esses encaminhamentos estão muito lentos, muita desinformação. Já fui no (hospital) Onofre Lopes e disseram que não tem ainda nenhuma previsão. Está sendo muito combatido na justiça pelas bancadas católica e evangélica que consideram que o dinheiro que está sendo gasto nas cirurgias de transexuais é dinheiro publico, desviado de obras prioritárias. Eles entendem como um esforço absolutamente supérfluo de um indivíduo que nasceu num corpo com o qual não se identifica, de transformá-lo. Se eu morasse num grande centro, como São Paulo, certamente eu estaria bem mais próxima de conseguir isso. Eu estou indo no meu ritmo, o doutorado é uma prioridade acima dessa, hoje. Então, é muito nesse sentido, mas se eu morrer antes de fazer minha cirurgia não terei ido em paz.

Quais são seus planos para o futuro?
De imediato, é um doutorado brilhante, com intercâmbio na Alemanha, levar minha formulação às últimas conseqüências, se é que eu posso dizer assim... Eu quero ampliar meus horizontes intelectuais de trabalho, de epistemologia da ciência. Logo imediatamente depois, eu pretendo prestar concurso para alguma universidade federal brasileira. Não sei se da UFRN, mas, eu me vejo sendo professora da universidade publica brasileira. Me vejo com a cirurgia feita, o nome mudado, às vezes me vejo bem carola, conservadora, numa clássica família burguesa, travesti também tem sonho de cinderela. E às vezes me vejo também como uma mulher pós-moderna, independente, morando sozinha... A vida é quem vai me mostrar.

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Essa entrevista foi meu trabalho da 3º unidade da disciplina Oficina de Texto III, gostei muito do resultado e resolvi publicar aqui. Eu não fiz foto, então essa foto foi retirada na cara-de-pau do DN online. Espero que gostem.

Scream for me Caicó!

por Tahiane

Só pra lembrar que dia 25 de julho vai rolar o Scream for me Caicó, tributo ao Iron Maiden, organizado pelo nosso amigo Allan. Esse é o cartaz provisório do evento, quando sair o oficial, eu coloco aqui no Subterrâneo, inclusive com o nome das bandas que vão tocar.

Quando? Dia 25 de Julho, as 22h
Onde? Anfiteatro da Ilha de Sant'ana - Caicó, RN
Quanto? Entrada franca

segunda-feira, 22 de junho de 2009

II ECU - Patos/PB

Pessoal esperando o carro

Duas horas da tarde... as pessoas que estavam na prefeitura esperando o carro marcado e remarcado para seguir rumo ao II ECU, em Patos, ainda fariam calos em suas bundas de tanto esperar: o cara simplesmente não apareceu e nos deixou na mão. Quando ligamos para ele, soubemos que ainda estava em Serra Negra (o carro era de lá), sentado em sua poltrona e vendo TV. Não nos deu nenhuma desculpa plausível e nem parecia estar muito incomodado com isso... bem, espero que ele morra no fogo do inferno e que pegue uma doença sexualmente transmissível (praga do Zé do Caixão). De última hora, e com muito estresse, conseguimos um outro carro e o dono era bem mais gente fina, foi até melhor assim.

Queríamos sair daqui as 14:30, mas só conseguimos mesmo deixar a cidade por volta das 17:00 horas. Chegamos em Patos mais ou menos as 18:45 perdendo assim a apresentação do Monkey’s of Devil, a primeira banda da noite, infelizmente, mais mesmo assim foi massa.

O local era perfeito! Nem muito grande e nem pequeno demais. O palco era massa, o som nem se fala, era de primeira. O cara que tomava conta da mesa de som também sabia mais ou menos o que estava fazendo e era muito gente boa, o que pedíamos ele fazia sem pestanejar, e isso era massa. Quem é de banda sabe que as pessoas que trampam com mesa de som são meio egocêntricas e não aceitam opinião de ninguém, tornando a coisa bem mais difícil... esse aqui era gente boa.

Acai

A segunda banda da noite foi o Acai que, em resumo, era uma banda cover... tocaram sons de várias bandas legais, entre elas Motörhead. O vocal do carinha, que conversei e tudo mais, era massa, por isso achei que ele estava “se perdendo” cantando covers naquela festa. A meu ver, a banda poderia investir em músicas próprias e se dar bem. O vocal é massa e os caras sabem tocar, só falta mesmo iniciativa e partirem para um som próprio, garanto que se darão bem.


Sertão Sangrento

O Sertão Sangrento sobe ao palco e se prepara para o som... em pouco tempo passamos tudo e mandamos ver. Era a minha estréia e eu tava na instiga, assim como o resto dos caras. Posso dizer que foi massa e que, segundo boatos, eu me sai bem, nada fora do comum, mas acho que foi muito legal até. Tocamos o punk horror de sempre e a galera agitou do começo ao fim.


Manxa Roxa

Em seguida temos o Manxa Roxa, que me surpreendeu. A banda melhorou bastante desde a última vez que os vi tocando, e eu curti. Acho que o tempo que o vocalista morou em São Paulo ano passado serviu pra atiçar ainda mais os ânimos do pessoal, inclusive a mim, que já fiz um convite para os caras tocarem aqui em Caicó.

Até este ponto eu já estava meio vendo a luz (bêbado) e não me lembro 100% da ordem das demais bandas, mais acho que a outra foi o Sangrianismo, que mais parece um projeto experimental de Grind Core. Aqui temos apenas um cara cantando (urrando) e tocando guitarra e um baterista. Curti a iniciativa e achei interessante os covers que eles tocaram do Zumbis do Espaço, deixando eles bem Grind e o som da banda, ate certo ponto, diferente das demais.

Em seguida temos o Rumores, que leva covers de bandas Pop Rock, o que não podia faltar na festa... serviu pra alegrar as meninas e os ânimos do pessoal que já estava nas últimas.


Zoltan

Por fim, o Zoltan sobe ao palco e mostra um Black Metal bem tocado, com letras próprias e muito Satanismo nas ruas de Patos. Os caras estão com uma cara nova, agora com um novo guitarrista, deixando o som da banda muito mais extremo e audível. Esta foi outra banda que melhorou muito desde a última vez que os vi em ação, ano passado. Lançaram até uma demo intitulada Wrath in The Goat’s Eye contendo 5 faixas bem gravadas e executadas que, futuramente, terei o prazer de postar aqui no blog junto com uma resenha mais detalhada sobre o material.

A festa chega ao fim sem maiores imprevistos, apenas com alguns incidentes envolvendo uma galera mais “animada”, mas que não deu em nada e que acabou na paz, como sempre acontece.

Voltei para casa feliz e contente, porque toquei para pessoas que valiam à pena, revi bons amigos, fiz novos contatos e bebi muita cerveja.

Posso dizer que foi um prazer tocar em Patos novamente, esquecendo tudo o que aconteceu da última vez que estivemos por lá. Pude notar muita gente de fora no rolé, a galera das antigas e o pessoal mais novo também, deixando o lugar com mais ou menos 100 pessoas, provando que Patos tem tudo pra dar certo, em se tratando de Rock, basta agora as bandas se juntarem mesmo (como já o fizeram) e tomarem a cena da cidade para elas. Fazer mesmo festa todo mês, chamar as bandas que estão afim de tocar e botar pra fuder! O pessoal mostrou mesmo o verdadeiro espírito “Do it yourself”, deixando isso bem claro e escrito em um cartaz bem grande, no palco.

É isso ai, galera... se quiser alguma coisa boa de verdade, tire a bunda da cadeira e faça você mesmo!

Segue um vídeo gravado do Sertão Sangrento no dia do Show:


sábado, 20 de junho de 2009

Diploma, who?

por Tahiane

Imagine só: fim de semestre, ficando quase louca com os milhares de trabalhos da universidade, sem tempo nem pra ler as notícias na internet, chego em casa e minha prima diz "Parabéns, rasgaram o seu diploma". Ok, calma. "Todo mundo já tá sabendo menos você, que vive no mundo da lua". Daí eu penso "Puta-que-pariu, realmente aconteceu"! Uma hora eu iria ter que pensar sobre esse assunto...

Eu, como universitária, deveria me sentir injustiçada. Eu ficarei anos na universidade estudando para ter um diploma que não vale mais nada? É. É realmente revoltante e blá bláblá. Mas foda-se cara, eu vejo milhares de filhos-da-p[a]uta saindo das universidades todo ano! Muitos só querem ganhar dinheiro, vender, vender, mentir, "manipular", muitos não tem comprometimento social. Existem muitos grandes jornalistas sem diploma, pessoas que realmente honram a profissão.

Esse diploma nunca foi obrigatório, não vai mudar muita coisa... Aliás, o diploma elitizou o jornalismo, fez com que as redações ficassem abarrotadas com a classe média, tornou os editoriais de moda mais importantes do que os anseios da população, mecanizou a escrita e tornou a nós jornalistas(agora já posso me chamar assim, mesmo sem um diploma né?) reféns das regras.

O texto ficou mecanizado e desumano, a idéia de imparcialidade, que, ao meu ver, é inatingível, faz com que nós jornalistas sejamos apenas meios difusores e não seres humanos. Devemos ser meros robôs?A grande mídia é de fato mídia, meio e alguns são apenas isso. Na minha opinião, o jornalismo pode sim ser exercido por qualquer pessoa que tenha comprometimento social. Quanto a questão mercadológica, se você é bom você se destaca. É assim que eu penso.

Acho que vou mudar pra Ciencias Sociais e continuar pagando algumas disciplinas de comunicação... mas não sei ainda...preciso maturar essa idéia...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Seria a Google a Skynet?

por Icaro
Na fila do supermercado anteontem me deparei com a revista Galileu. Nunca fui fã de nenhuma publicação da Editora Globo e nunca me interessei em ler nada deles, mas, nem tudo é uma fossa a céu aberto em se tratando do conglomerado de Roberto Marinho. A matéria (de capa) que me chamou atenção fala de outro conglomerado, bem maior e mais importante: o da Google.

A matéria mostra, com dados da própria empresa, como você, eu e qualquer outra pessoa no mundo estão sendo "monitoradas" pelo nome mais importante do Vale do Silício. Mais de 65% dos internautas, hoje, usam algum serviço da Google pelo menos uma vez por dia; Google Search, Orkut, Gmail, Youtube, Blogger/Blogspot, Google Maps, Google Earth, Google Street View, Google Talk, tradutor, biblioteca e por aí vai.

Todas essas informações são guardadas nos servidores da empresa. Daquela receita de miojo a "como aumentar o pênis". Segundo eles, é tudo para facilitar sua vida. Quem colocaria a mão no fogo?

Muita gente não sabe, mas cada conexão à internet gera um IP (Protocolo de Internet na sigla em inglês), um número único (geralmente não fixo) que funciona como uma identidade, um RG, que pode mostrar de onde aquela conexão vem. Com o IP de alguém em mãos (coisa que hoje é muito simples) e uma pesquisada básica no Google, você pode saber até a rua de onde aquela pessoa está acessando. Isso você, em sua casa. Imagine agora o que uma empresa com seus dados do Orkut, suas buscas no Google Search e vídeos assistidos no Youtube, tendo acesso a todos os seus e-mails... Imagine do que ela é capaz. Como diz no início da matéria, "o Google sabe mais sobre você do que a sua mãe."

Muito interessante a reportagem. Mesmo que você não se interesse por tecnologia, dê uma lida; trata-se tão somente de sua futura liberdade (ou da atual falta de privacidade).

Abaixo deixo o link para o site da revista. Como é a última edição, o texto não está na íntegra. Mas, como eu não devo nada a ninguém (muito menos aos filhos de Roberto Marinho), segue também o link para download da revista completa (em PDF).

Trecho da matéria no site.

Download da revista completa.

É o futuro de John Connor cada vez mais perto da realidade. =D

terça-feira, 16 de junho de 2009

Poesia Passional

por Tahiane
Uma coisa que eu sinto falta nesse blog é poesia... Talvez por que muitos homens não se interessam por esse tipo de arte, e eu sou a única mulher neste blog machista! Então resolvi publicar algo que eu escrevi. Sem pretensões. Não me sinto segura quanto aos versos aqui publicados, nem quanto aos versos que estão guardados no fundo das gavetas e em velhos cadernos, apenas resolvi dá-los uma chance de existir, de fato, para o mundo. As coisas, por menos que você acredite nelas, merecem uma chance. Esses versos também não tem um título... nem eu quero que tenham... assim fica mais fácil de serem esquecidos por quem não gostar. Aos que gostarem, estarão sempre por aqui...

Não me venha com poesias sobre poetas
O maior problema do poeta é a própria poesia
E todas aquelas regras gramaticais a quebrar
Por isso faço escola de direção
Quebro alguns cones, alguns ossos
E saio por aí ouvindo musica alta
Nas ruas cheias de garotas sem rosto
Que vendem o corpo num copo descartável...

Não me venham escrever poesia
Nesta casa os poetas não são bem vindos
Nem sequer deixamos entrar testemunhas de Jeová
Quanto mais um bando de palhaços com canetas
Acham que tem tudo, que sabem tudo
Rimam a vida que nunca tiveram
Enchem os próprios ouvidos de mentiras
Bebem todo o vinho e depois choram...

Não me venha com essas histórias de poesia
A arte pra mim não passa de uma grande caixa cheia de idiotas
Idiotas com canetas, boinas e vinhos baratos...
Não tragam um poeta a minha casa
São mini figuras de gesso,
Fingindo olhares ciganos e beijos de moça...
Os poetas eu não permito que entrem
Se quiserem um amor, esperem na porta.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ora, Porque é Líquido!

por WART
Beber. Beber pra comemorar. Beber pra passar o tempo. Beber pra esquecer. Beber por merecimento. Beber por necessidade. Beber pra abrir o apetite. Beber pra dormir. Beber pra não acordar. Beber pra curar. Beber pra adoecer. Beber pra ficar bêbado. Beber sem motivo. Beber por todos os motivos. Só não deixar de beber. Vamos beber?

O consumo de bebidas alcoólicas é algo intrínseco à vida do ser humano, já está gravado no genoma, nem por força de macumba se pode mais separar um do outro. É praticamente um complemento vital, como o ar ou o sangue, que se chegasse um dia a faltar, impossibilitaria a continuidade da vida na Terra. Sim, o álcool é uma peça chave de nossas vidas, sem ele tudo ficaria bem mais difícil. Este nosso amigo está conosco há pelo menos 5000 anos e está bem longe de nos deixar. Quem, questiono, quem seríamos nós para repudiarmos sua existência, influência e necessidade?

Lembro que há alguns anos eu e meus amigos nos reuníamos tão somente para conversar. Ficávamos sentados no banco da praça vendo as pessoas passarem, conversávamos sobre todo tipo de coisa durante horas, diálogos sóbrios sem nem uma gota sequer de álcool. Bebíamos uma vez perdida, num fim de semana para festejar um aniversário por exemplo, bebíamos uma lata de cachaça e ficávamos todos embriagados, eufóricos. Bons tempos.

Com o passar dos anos, o álcool foi se juntando a nós, passou a fazer parte de nosso círculo de amizades. Ele era o amigo mais presente, raramente não estava lá, sempre animando o ambiente, provocando risadas. Nunca pedia nada em troca, generoso como só ele poderia ser. Quando não comparecia, ficava aquele clima estranho, aquela ausência um tanto quanto incômoda, mas até então suportável.

Hoje em dia, se não tiver birita, ninguém sai de casa. Quem danado vai sair do conforto do lar pra ir conversar besteira na rua? Não faz sentido. Se quiser ficar conversando, fique no MSN, ou Orkut, ou qualquer dessas coisas. Se é pra sair de casa, tem que beber. Se é pra ir num show, tem que beber. Se é pra ir numa missa, tem que beber. Num batizado, beber. Vacinar-se, beber. Cortar cabelo, beber. Fazer prova de concurso público para auxiliar de serviços gerais da prefeitura de Puxinanã, beber!

Digo sem medo que 90% dos meus amigos são alcoólatras, assim como eu. E passamos bem longe de ter receio de admitir isso. Não existe vergonha nem essa de ficar sem jeito. Em alguns momentos temos até orgulho de contar as quantidades infinitas de álcool que ingerimos na festa passada (sempre aumentando um pouco mais pra parecer mais forte e resistente). É tipo uma competição para ver quem é o maior bebedor de todos, o que consegue passar mais tempo sem apagar (se bem que ultimamente foi criada uma modalidade para ver quem apaga primeiro). Ou seja, estando bêbado e continuando a beber é a conta!

O álcool é uma constante em minha vida, eu realmente dependo dele. Ele sempre está comigo nos momentos mais difíceis, como também nos mais fáceis, como também nos momentos normais (por que não?). As maiores lições de vida que já tive foram durante minhas bebedeiras, exemplos que no momento que vi, tive certeza que mudariam meu modo de encarar o mundo para sempre... o problema é que de um tempo pra cá, adquiri amnésia alcoólica e já não lembro de quase nada no dia posterior. Contudo, não consigo ver o álcool como uma ameaça, pois quem o procura sou eu, o primeiro gole sempre se dá de forma consciente (quando não se está de "redonda", claro), é muita fraqueza de espírito dizer que foi influenciado a beber, que fez sem querer.

Eu ainda não sei onde estou querendo chegar com este texto. Talvez seja uma tentativa minha de amenizar a situação e torná-la mais aceitável, criar uma desculpa para justificar minha necessidade, pois sei, ao menos, que nunca pararei definitivamente de beber.

Hoje, à véspera de completar 25 anos, já percebo os encargos físicos e mentais que eu trouxe à minha vida com o álcool. Problemas que tenho consciência de que tendem apenas a severizar-se com o tempo. Entretanto, não posso viver condicionando minha vida a eventos futuros. Posso vir a morrer na próxima semana com um meteoro caindo em minha cabeça antes mesmo de desenvolver uma cirrose... logo, tenho que aproveitar a vida, não?

... falando em aproveitar e, como dito, amanhã é meu aniversário, vamos beber?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guns N' Roses, Metallica e Morrissey em Recife?

por Icaro
Por Iuri Moreira (vi no DoSol)

Well well, cá estou eu novamente, depois de um período sem grandes novidades...

Acabo de saber há pouco através de minhas fontes que Axl cancelou todas as negociações para a turnê latino-americana, que incluiria Recife, via Raio Lazer. Não se sabe exatamente por que, mas tratando-se de quem se trata... A boa notícia é que não foi exatamente um cancelamento, e sim algo com cara de adiamento. Fala-se agora que essa turnê deve realmente acontecer, mas só em 2010.


2010, aliás, que tem grandes chances de ser o ano do Metallica no Recife. As conversas já estão adiantadas, foi feita uma oferta (importante, não uma oferta de cá pra lá, mas de lá pra cá. Ou seja, a banda e sua produção têm interesse em tocar no Recife) e é bem possível que aconteça - provavelmente em março de 2010.


Com exceção de Guns e Metallica, a coisa vai ficar meio parada em termos de metal até o final do ano, pelo menos do lado da galera que trouxe o Maiden. Lembro que teremos Angra e Sepultura em agosto, além de outras produções menores que sempre rolam na cidade.

E pra turma que curte um som mais pop, anotem nas agendas: pro segundo semestre, devem aportar no Recife Morrissey (ex-Smiths) e Katy Parry.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O maior músico de todos os tempos, o Pro Tools

por Icaro
Pro Tools é uma estação de trabalho de áudio digital que integra hardware e software e é muito usada por profissionais na produção e pós-produção no mundo do entretenimento (música, cinema e TV).

Em outras palavras, se você for tão rico quanto Paris Hilton, não precisa saber cantar ou tocar alguma coisa, basta entrar num estúdio com essa belezinha (tô falando do Pro Tools) e um engenheiro de som. Esvazie os bolsos e comece a se esguelar; deixe que o Pro Tools se encarregará de colocar seu nome na Billboard.


Essa ferramenta revolucionou tanto a indústria do entretenimento (para o bem e/ou para o mal) que, hoje em dia, é quase impossível ouvir qualquer disco ou assistir a qualquer filme que não tenha passado por essa "filtragem". A tecnologia dessa criança chegou a um nível tão complexo que, acredite, em muitas faculdades ao redor do mundo, o Pro Tools é disciplina de nível superior. Você tem que entrar na universidade pra aprender a usá-lo.

Esse post, na verdade, era pra mostrar dois vídeos que eu encontrei no Youtube esses dias. Dois vídeos tecnicamente diferentes, mas da mesma banda, tocando a mesma música, no mesmíssimo show. O que não faz deles siameses? O Pro Tools!

Os vídeos em questão são do Offspring tocando o hit "The Kids Aren't Alright" na fatídica edição de 1999 do festival Woodstock.

Vejam bem (e ouçam com atenção)... o primeiro vídeo foi gravado na época, em uma fita VHS, direto da transmissão ao vivo pela TV. O segundo foi lançado oficialmente em CD e LD (Laser Disc - nada de DVD há 10 anos atrás).

Assistam e reparem na qualidade de áudio, principalmente no vocal de Dexter Holland.

Gravação direto da TV


Gravação lançada oficialmente


Isso era o ano de 1999. Essa máquina tinha apenas 10 anos de idade. Imaginem do que ela é capaz hoje.

É o Mili Vanilli fazendo escola. =D

segunda-feira, 8 de junho de 2009

CQC e a Censura na TV

por Icaro
Por Nerds Somos Nozes (via Amalgama)

Unindo jornalismo e humor como ninguém jamais conseguiu, o CQC é um sucesso absoluto, até para quem antes não gostava de política e responsabilidade social. Mesmo os jovens, vários deles conhecidos amantes e telespectadores de BBBs e Fazendas, colocam o programa na sua pauta de conversas. O CQC também está ajudando a sepultar um programa humorístico que seguia uma linha completamente diferente: o Pânico na TV!

E com o sucesso, e o estilo ácido, o programa já está atravessando problemas, mesmo com pouco mais de um ano no ar. Já é bem conhecido o caso da proibição da entrada deles no Congresso, a Casa do “Povo”. Mas, a coisa está atingindo níveis tão altos que começa a preocupar a Band, que distribui semanais orientações para os apresentadores do programa. São coisas como pegar mais leve nas brincadeiras (Danilo Gentili e Rafinha Bastos estão quase mudos), e diminuir o tom com políticos. Recentemente uma entrevista com Dunga foi impedida de ser levada ao ar, devido a irritação do treinador da seleção brasileira com as perguntas de Danilo Gentili com relação ao novo patrocinador da seleção, a Gillette.

A outra medida (perpetrada há duas semanas) é o programa deixar de ser ao vivo, o que deixa a direção da emissora livre para cortar o programa ao seu bel prazer, evitando os trechos mais pesados. Como é de praxe na grande imprensa brasileira, a liberdade de expressão desceu pelo ralo, e dessa vez tirou dos comediantes o direito legítimo de tecerem suas opiniões sobre os causos da política brasileira. Por que os políticos não jogam de forma mais limpa e usando o debate? Mas, como vimos pelo nível dos políticos que se põe a falar (e a mandar se danar os eleitores) argumentos não são o forte deles, e preferem exercer pressões econômicas nos órgãos de comunicação. O que invariavelmente funciona também.

A Band ainda não se pronunciou sobre a questão, e alega motivos técnicos para essa mudança, e não estipula prazo para a volta dele ao formato ao vivo.

Isto é o Brasil, isso é o mundo. É por isso que acredito na internet…

Belle & Sebastian

por Tahiane

Sabe aquele disco que você escuta quando as coisas estão tranquilas? Pois bem, "If you're feeling sinister", da banda escocesa Belle & Sebastian, é um deles. Apesar das composições não serem necessariamentes "felizes", são leves, inteligentes e cativantes.

Eles fazem um som que alguns classifcariam como "indie rock", mas não sei, depois desse "boom Cansei de Ser Sexy" as coisas ficaram meio estranhas de definir. Enfim, eles não são da onda eletrônica-hype-voupralondresfazersucesso...

Música calminha, bem feita e gostosa de ouvir.

baixe agora aqui!

domingo, 7 de junho de 2009

Carinhagens...

por Tahiane

Eu tenho boas lembranças dos domingos de minha vida, os almoços em família na casa da minha avó paterna, a melhor cozinheira que eu já conheci. Todos os netos reunidos, fazendo barulho, implicando, reclamando e depois rindo, rindo, rindo, rindo... A mesa de 8 lugares comportando 10 pessoas que se acotovelam para ver qual prato maravilhoso vovó fez dessa vez. Os mais velhos falando do futuro e do passado com uma desenvoltura que maravilha as crianças de uma forma inacreditável e nós, ansiosos pelo passado de histórias que não tínhamos, escutávamos com atenção. Nada de pegar o prato e ir para a frente da televisão, “lugar de comer é na mesa” e a minha avó nunca abre mão da companhia de todos.

Depois que todos terminam de comer é trazida a sobremesa, vovó serve todos, colocando quantidades colossais da gostosura da vez para cada um. Parece-me que as pessoas velhas sentem uma necessidade de alimentar os mais novos de forma que eles tirem da cabeça as idéias de magreza impostas pela modernidade. E todos nós sempre tiramos; nos despimos de toda repressão e comemos até não agüentarmos mais.

Como depois da tempestade vem a calmaria, as tardes de domingo são recheadas de sonecas, todos dormem. Eu, no entanto, nunca tive o hábito de dormir à tarde, o que me faz ser a única expectadora do silêncio da casa. Andar descalça sentindo o chão frio e, depois de me certificar de que todos estão dormindo, deitar no chão de olhos fechados, ouvindo Bob Dylan cantar “Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me, I'm not sleepy and there is no place I'm going to”. É como se eu não estivesse nesse lugar, estivesse em toda parte, é como se eu estive tão segura que nada me faria mal, que nada me machucaria. Eu sempre penso a mesma coisa todo domingo, não importa onde eu esteja, eu penso na casa da minha avó.

A casa da minha avó é o meu porto seguro, é onde eu irremediavelmente já criei raízes invisíveis, psicológicas talvez... Meu quarto está lá entocado me esperando, e todas as coisas que eu não me lembro mais, meus livros, algumas roupas, alguns projetos inacabados de pintura, meus desenhos, pastas pipadas de cifras para violão e milhares de frascos de cosméticos que eu não uso mais. Quando eu chego lá estão todas as coisas, no mesmo lugar, mas cuidadosamente limpas. Eu estou em casa.

Milhares de ações de todas as minhas idades continuam acontecendo em outra dimensão naquela casa. Lá eu ainda sou a garotinha curiosa que mexe em todas as gavetas em busca de alguma novidade, algum grampo de cabelo antigo, alguma roupa do avô morto, alguma jóia brilhante da avó... É pra lá que eu volto quando alguma coisa dá terrivelmente errado na minha vida, quando eu fico doente, ou simplesmente quando a saudade aperta tanto que meu coração fica pequeno demais pra existir e a única coisa que pode resolver é algum tempo em Caicó, na casa da minha avó.

A saudade que eu sinto da minha tia, da minha avó, do meu pai, daquela casa que me causa um fascínio tão grande é indescritível. Parece que ela tem vida, parece que naquele mesmo jardim onde Dida, a minha tia mais minha, tirou tantas fotografias, ainda se fotografam crianças invisíveis, vestidas de índios, ou com fantasias carnavalescas. As fotografias ainda são tiradas com a mesma câmera de 20 anos atrás, uma analógica profissional que Dida guarda com tanto carinho... São tantas lembranças, são tantas saudades, são tantas histórias... Hoje, enquanto eu almoçava sozinha ouvindo Mr. Tambourine Man, eu me dei conta de que eu tenho um porto seguro. Mas, pensando bem, a casa é só o cenário... Quando eu chego, coloco as malas no chão e sou recebida com um gigantesco sorriso enquanto Dida diz “minha moça chegou, graças a Deus”, eu sei. Eu sei que as mulheres que me chamam de "minha moça" e "princesa" até hoje são o que me prende ao chão. São elas que me fazem ter certeza. Sem elas eu sou linear, sem chão, sem lugar. Enquanto elas estiverem ali, eu estarei de volta.

sábado, 6 de junho de 2009

Até tu, Obama?

por Tahiane

Enquanto todo o mundo comemorava a posse de Obama e (automaticamente?!) o fim da era Bush, haviam algumas pessoas que ainda estavam com um pé atrás, isso naquela época. Alguns meses depois eu lhe pergunto, caro leitor: o que mudou? "Muita coisa", me responderia sem pensar. "É uma vitória ideológica e social", gritam os mais entusiasmados. Pois bem, boa sorte.

Não ficou sabendo das torturas? Não? Dizem por aí que Mr. Barack Hussein Obama tentou censurar, a pedido do exército, umas fotos que mostram prisioneiros sendo torturados no Iraque. No mesmo dia a internet furou a censura, um site Australiano divulgou as fotos, que foram imediatamente publicadas por um certo site inglês...

Olha só... Eu não sei qual é a desculpa, não quero saber. Não tem argumento. Se não foi você quem sujou porque esconder a sujeira? Se Obama quer limpar a imagem de seu país ele precisa parar de fazer o que Bush fez, parar de esconder a sujeira em baixo do tapete. Eu poderia escrever um texto grande e bonito falando do assunto, mas não é necessário.

Veja as imagens...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

SKINHEAD - ATTITUDE


Muita gente já deve ter ouvido falar através dos jornais e programas sensacionalistas sobre os Skinheads e em brigas/mortes relacionadas a eles, mas poucos sabem que este movimento tem várias facetas, estilos e pontos de vista diferentes. Nem todo Skinhead é igual, nem todos são preconceituosos. Claro que os Skins Neo Nazistas estão lá, mas estão em pequenos grupos e são odiados pelos demais Skins.

A mídia teima em mostrá-los como agentes do mal, mas, como tudo na vida, temos que conhecer o outro lado da moeda.

Neste documentário, uma garota viaja pela Europa falando tudo sobre as várias facetas do movimento Skinhead. O DVD, que conta com 89 minutos, contém entrevistas com ícones do estilo como: Roddy Moreno (The Oppressed), Jimmy Pursey (Sham 69), Laurel Aitken, entre outros. Contém ainda um monte de vídeos e atuações ao vivo de bandas como Bad Manners, Laurel Aitken, The Oppressed, Stage Bottles, Los Fastidios, entre muitas outras!

Ska, Oi!, RAC Skinheads, Sharp, Boneheads, Red Skins... todos estão aqui!

As legendas, infelizmente, estão em espanhol, mas, assim como eu, acredito que vocês poderão acompanhar e compreender bem os diálogos do vídeo sem muitos problemas.

DOWNLOAD:

PARTE I
PARTE II

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rock In Rio de volta ao... Rio

por Icaro
http://www.tvrock.com.br/new/imagens/img_4667_97rock%20in%20rio.jpg

Assim como as putas de Ponta Negra, que vão passar uns anos na Europa fazendo seu pé-de-meia, voltam e compram uma casinha e ajudam a família; depois de uma década longe de casa, o maior e mais esquisito festival de Rock (?) do Brasil está de volta.

O Rock In Rio, que já teve grandes nomes em seu cast nas três primeiras edições - Queen, Scorpions, Iron Maiden, Whitesnake, Ozzy Osbourne, Yes, AC/DC em 1985; Santana, Alice Cooper, Guns N' Roses, Judas Priest, Megadeth, Faith No More, A-Ha em 1991; Oasis, REM, a primeira e única apresentação do Foo Fighters no país, Red Hot Chili Peppers, Rob Halford, Neil Young, Silverchair e a volta do Guns N' Roses depois de quase 10 anos longe do palcos - passou os anos 2000 brincando de "Rock Am Ring wannabe" na Europa.

Em 2004, 2006 e 2008, o famigerado festival "brasileiro" teve as edições Rock In Rio Lisboa e Rock In Rio Madrid (sic), nas respectivas cidades do velho continente. Mesmo a primeira tentativa (Lisboa, 2004) não atingido o faturamento esperado, Roberto Medina, idealizador do festival e dono na marca Rock In Rio, insistiu e fez mais dois anos sem alcançar grandes resultados econômicos (diferente dos festivais do verão europeu que acontecem TODO ANO).

Bem, dessa vez, com a crise econômica assolando o hemisfério norte, o famigerado empresário brasileiro volta com sua mega estrutura de shows para a terra natal do festival, o Rio de Janeiro. Segundo reportagem da Falha Folha de S.Paulo, Medina, que havia prometido o Rock in Rio no Rio (sic) para 2012 ficou com medo da profecia Maia, teria dito que o festival aconterá antes do previsto, em 2011.

Dos males o menor. Ao menos teremos de volta o que é nosso: um grande festival, com headliners de peso a um preço justo e acessível. Em contraponto (como sempre foi na história do festival, tanto aqui quanto lá fora), teremos a transmissão da Rede Globo, os repórteres ignorantes da Rede Globo, Xuxa como "Embaixadora do Rock", atrações nonsense (Ivete Sangalo, os irmãos siameses Sandy & Junior, Britney Spears) e o Rock nacional como ele está hoje: cheio de maquiagem, com chapinha até os cabelos do "dito cujo" e sendo produzido por Rick Bonadio.

Agora é esperar pra ver.

2° ECU - Encontro de Culturas Undergroud - Patos/PB


A OBAP - Organização das Bandas Alternativas de Patos, promove o 2° ECU (Encontro de Culturas Undergroud), que será realizado no dia 20 de junho de 2009 no Jatobá Social Club, em Patos, Paraíba. O evento começará por volta das 17 horas e a entrada custará R$ 5,00.

As bandas que se apresentarão no dia serão:

MONKEY'S OF DEVIL - PUNK ROCK
ACAI! - TRASH ROCK
SERTÃO SANGRENTO - PUNK HORROR
MANXA ROXA - PUNK ROCK
RUMORES - POP ROCK
SANGRIANISMO - HORROR CORE
ZOLTAN - BLACK METAL

Interessados em ir junto com o Sertão Sangrento ao evento, entrar em contato comigo (Popeye), ou com o Markim.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sangue, Merda e Sapiência

por Tahiane

Ei, você ai! Quem você pensa que é? Aonde você vai com toda essa pretensão? Grande coisa ser Sapiens e destruir, parasitar o planeta. É isso mesmo que você é: um carrapato. Sugando e engordando, sugando e engordando, sugando e engordando... Assim você segue sem respeito nenhum pelo que te alimenta. Só porque você TOMOU essas coisas, não significa que você tem tudo, que você pode destruir tudo. E daí se você tem dinheiro? Isso não passa de matéria podre e, no fim das contas, alguns elementos essenciais que formam todas as coisas. No fim das contas você é feito do mesmo material que um monte de merda ou o mais fedorento dos vômitos. Você come e caga, polui, explode, destrói, modifica as coisas, cultua um Deus que nem sequer conhece. Passa a vida toda tentando conseguir mais daquele papel que você acha que tem valor e esquece o que realmente tem valor. Porque você não tem valor algum, não faz a menor idéia do real das coisas. Você nunca parou para observar realmente uma coisa, a percepção pura e genuína é como norte+norte de um imã pra você. Quantos de vocês realmente sabem? O que será que passa pela sua cabeça cheia de produtos químicos e drogas sintéticas? O que será que você respeita? Respeitar realmente, não admirar. Você admira quem destrói em nome do progresso, quem mata, quem dissimula, quem persegue a todo custo esse monte de merda em que você quer viver, mas você não respeita nada. Você cria leis, códigos de conduta... Pra que, se você é essencialmente mau e não faz idéia do que realmente seja importante? Você diz que ama, mas não faz idéia do que seja o amor, o afinco a todas as coisas, como ser tudo e ter raízes em tudo. Suas raízes não estão presas a nada, você migra no velho esquema do carrapato. Sugando e engordando e sugando e engordando. Você não passa de um monte de lixo, ninguém precisa de você, então por que toda essa pretensão? Você não tem valor, apenas consegue enganar uma dúzia dos seus... Mas você não engana o tempo e esse vai cuidar de limpar você daqui, e de qualquer outro lugar. Você vai passar pelo tempo e virar nada, você veio do nada e vai voltar para o nada. Como isso que você sempre foi: nada.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

XII NATAL METAL FEST

por Tahiane

Nesse último sábado, dia 30, rolou o XII NATAL METAL FEST no Sancho Pub, em Ponta Negra. Foram três bandas autorais (Comando Etílico, Avalon Synphony e Black Halls) e duas bandas cover (Metallica Cover e Vain' N Veins). O show estava previsto para começar as 21h, mas só foi começar mesmo as 22h30, mas nada de tão grave.

A primeira banda da noite foi o Comando Etílico. O local estava lotado e a chuva certificou-se de que não ficasse ninguém lá fora. O show do Comando como sempre instigou a galera, a performace da banda foi impecável. Todo mundo cantou junto, bateu cabeça e curtiu pra caramba. Além das excelentes músicas próprias, no setlist estavam inclusas covers do Stress, com a música Heavy Metal, do Sodoma (antiga banda de Natal cujo vocalista Edu Heavy faleceu num acidente de carro em 1988), com a música Divina Tormenta e da extinta banda mineira Kamikaze, com a música Trilha do Metal.

A segunda banda da noite foi a dos caras do Metallica Cover, que abriram o show com Creeping Death (mas cortaram inexplicavelmente o segundo solo), tocaram ainda clássicos como Seek and Destroy e Sad But True. A galera curtiu pra caramba (porque é Metallica né?), muito bom.

Depois foi a vez do Vain' N Veins subir ao palco. A banda abriu com uma cover do Boston, tocaram Nobody's Fool do Cinderella, Final Countdown do Europe, Runaway do Bon Jovi, dentre outros clássicos do Hard Rock oitentista, sempre com o acompanhamento de várias garotas em coro no público. Contudo, neste momento da noite, um bom número de pessoas já se espalhava pela parte externa do Sancho.

Avalon Symphony chegou com um repertório de Gothic Metal que agradou aos fãs do estilo. Um som meio Nightwish que ficou evidente pelos vocais femininos. Um bom show, mas que, por maiores que fossem os esforços, não se podia ouvir com clareza o som do violino. Terminaram com uma cover da já citada Nightwish, com a música Over the Hills and Far Away, que por sinal é uma cover originalmente lançada por Gary Moore.

A última banda da noite foi o Black Halls. Os caras entraram no palco com muita energia e conseguiram levantar o pouco público que restava, e foi neste clima embriagado que a noite chegou ao fim. Muito bom mesmo, já que fazia tempo que eu não ia a um show de metal. Além disso, o ambiente era ótimo, climatizado e tinha álcool o bastante.

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Algumas fotos do show:

Comando Etílico

Black Halls

Avalon Symphony

Fotos: Larissa Abreu

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Originalmente publicado por Tahiane e com comentários adicionais por Icaro.
layout por WART :]