Geraldo Cavalcante, roteirista e representante da Fundação José Augusto
(foto do blog casadeculturajs.blogspot.com)
(foto do blog casadeculturajs.blogspot.com)
Como parte de um projeto que a Fundação José Augusto trouxe a Caicó, no mês de março desse ano aconteceu a primeira oficina roteiro para cinema "Nós na Tela", ministrada pelo roteirista potiguar Geraldo Cavalcante. Esta se tratou do pontapé inicial na produção cinematográfica no interior do estado, teve duração de uma semana e ocorreu também em outras cidades seridoenses.
Durante os dias da oficina os participantes trabalharam conjuntamente os fundamentos básicos acerca da escrita do roteiro e mais: construção dos personagens, perfil dos personagens, arquétipos, argumento, gêneros da narrativa, escaleta, enquadramento e planos. A partir dai os participantes escreveram seus roteiros, dentre os quais, um destes foi escolhido para ser filmado.
Agora, retornando à Caicó, Geraldo traz outra oficina, desta vez voltada para a direção - iniciada segunda, 10 de agosto e com encerramento dia 15/08. O roteiro escolhido para ser filmado foi o "BELÍSSIMA", escrito pelo artista plástico Custódio Jacinto e trata-se de um curta em formato Doc/Drama sobre a vida de Mané Mulher, figura folclórica caicoense.
Para adentrarmos melhor ao universo do cinema, fizemos uma entrevista com este roteirista de cinema e televisão, que atua também em Cuba, na cidade de Havana. Geraldo vê nessas oficinas a oportunidade para a realização de muitos outros trabalhos e a chance de inserir o interior do estado na produção audiovisual de fato.
Como surgiu a idéia de trabalhar o cinema no interior do estado?
- Nós, da Fundação José Augusto, percebemos que as ações do audiovisual estavam muito voltadas para a capital do estado. Nós sabíamos também que já havia uma produção no interior e então resolvemos sistematizar esse conhecimento, agregando teoria e técnica à prática que já acontecia, para tornarmos isso público. Além disso, está sendo implantado no estado o Núcleo de Produção Digital, que foi criado pelo programa Olhar Brasil da Secretaria de Audiovisual do MINC (Ministério da Cultura), que oferece equipamentos de última geração para capitação de som e imagem digital, além de ilhas de edição a todos os realizadores do estado, a título de empréstimo. Porém, para que se possa fazer uso desses equipamentos foram estabelecidos alguns critérios, dentre os quais, que as pessoas estejam capacitadas a utilizá-los. Como a maioria dos profissionais qualificados encontram-se na capital, então resolvemos trazer o "Nós na Tela" para formar mais profissionais no interior do estado para que possam ser contemplados com esse programa também.
Quais foram as suas primeiras impressões acerca deste trabalho?
- Uma das coisas que me entusiasmou foi sentir a vocação das pessoas para o audiovisual e a outra foi a experiência forte com o teatro que a cidade tem. Apesar de serem trabalhos diferentes, possuem um formato parecido, além da vontade das pessoas em trabalharem com isso. Caicó já possui outros trabalhos no cinema, como por exemplo o filme "Boi de Prata", conhecido nacionalmente, tem o diretor Edson Soares, temos as cenas de Moacir Góes do filme "O Homem Que Desafiou O Diabo" que foram gravadas aqui, dentre outros trabalhos. Caicó transpira audiovisual e é uma cidade fotogência por natureza com potencial para desenvolver essa arte.
Você já trabalha há alguns anos como roteirista, inclusive fora do país. Ao seu ver, o que é primordial para que se escreva um bom roteiro?
- SENSIBILIDADE. Espírito instigador. Você deve sentir-se impulsionado a buscar a informação. O bom roteirista põe a câmera no ombro, o gravador na bolsa e sai ao encontro da estória, é necessário que se tenha essa vontade de buscar.
Existem outros projetos nesse sentido a serem aplicados na cidade de Caicó?
- Como falei anteriormente, o Núcleo de Produção Digital objetiva ampliar suas ações ao interior do estado e vê Caicó como um pólo a ser contemplado. O próprio "Nós na Tela" ampliará suas atividades trazendo outras oficinas de maquiagem, direção de arte, interpretação, dentre outras.
Em sua opinião, qual rumo o cinema brasileiro vem tomando atualmente?
- Nós estamos no rumo certíssimo, estamos vivendo um ponto de virada no cinema brasileiro, um novo momento. Dado o fato de que temos um Ministério da Cultura que instituiu uma Secretaria para o audiovisual realmente voltada para o fomento do produto cinematográfico brasileiro. A exemplo disso, temos ações como o DOC TV e o Revelando Brasis, bem como os editais do MINC. Por outro lado, estão sendo criados espaços alternativos de exibição do cinema brasileiro. Dessa forma, temos como corrigir a distorção que havia em relação à exibição. No Brasil, o cinema não sobrevive unicamente das salas, o que torna sem sentido a briga por cota de tela. Até por que as salas de cinema são elitizadas, nem todos os cidadãos têm acesso. Pautado nisso é que o MINC criou esses programas que estimulam a abertura de espaços alternativos de exibição e de estímulo ao movimento cineclubista brasileiro, essas ações além de democratizar o acesso ao cinema nacional, também oportunizam ao realizador brasileiro mostrar seu trabalho.
Quem estiver interessado em criar projetos voltados para o audiovisual e participar das oficinas do Nós na Tela, procure Custódio Jacinto na Casa de Cultura de Caicó, por trás da matriz de Sant'Ana.
2 comentários:
fechou gata =)
tahiane
mega massa.
era pro mano feca fazer.
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