Eu nunca, absolutamente nunca, perdi uma Festa de Santana. Como boa caicoense que sou, assim que começam as férias da universidade me mando pra cá. Chegar é sempre uma festa, os amigos, a família, vovó com um pudim de leite já me esperando, Dida com as ultimas novidades da família, mainha, painho, meu irmão cada dia maior... Depois vem as visitas aos bebês das amigas, andar sozinha na Coronel Martiniano, tomar um sorvete e depois uma cerveja lá em Zeca Barrão. A noite ir pra a praça com a galera, conversar e beber (alimentar a alma é preciso!), me entregar aquele nada-pra-fazer gostoso de Caicó...
E a comida... Ah, a comida! Queijo de manteiga, paçoca de carne de sol, feijão verde, arroz de leite, macaxeira cozida com manteiga ou então frita, vovó faz tudo quando os netos chegam...
Caicó parece que engole a gente, quem é daqui ou já morou sabe. Eu particularmente não compartilho a fé dos caicoenses. Não sou de nenhuma religião, não acredito em inferno, em céu, ou em santos. Deus pra mim é um conceito pessoal, e nem cabe nessa palavra. Mas me lembro de quando eu era criança e minha mãe passava com o carro embaixo do arco do triunfo para receber a benção de Sant'Ana, lembro da minha avó rezando, coisa que ela faz desde sempre, e lembro que eu adorava quando minha tia me levava na cetedral, pra mim era o lugar mais bonito do mundo. "Santana é uma santa de sorte", eu pensava.
Só senti falta de uma coisa depois que cheguei: o sol. Cadê o sol, Caicó? Que clima ameno é esse? Porque todo mundo sabe que caicoense tem medo de chuva! Ninguém sai de casa quando chove, só os moleques que correm, já com os lábios roxos de frio, pra debaixo das bicas. Agora é esperar a festa começar, aquela multidão de bocas mastigando, churros na praça, ver as crianças no carrossel, as garrafas de manteiga da terra voando dos estandes na feirinha...
Enfim, já falei demais, ainda tenho um monte de lugares para visitar, e nem fui ao Itans ainda...
-------------------------------------------------------------------------------------------
P.S: Nós do Subterrâneo iremos produzir uma série de documentários curtos sobre a cidade que serão disponibilizados aqui no blog mesmo. Nesse meio tempo ficaremos mais inativos, mas nunca parados.
3 comentários:
sim! minha mãe, minha avó e minha tia sempre faziam esse ritual do arco. depois de muito tempo que eu fui descobrir que aquela santa do arco não é santana. heuahueuahuehuaheuhauehu...
eu tinha medo de entrar na catedral quando eu era boy por causa de uma imagem de jesus todo fudido e sangrando que tinha do lado direito (de quem entra pela frente).
eu quero churros sim!!
vamos sim produzir os documentários... melhore logo da gripe!
beijos
andréia
Caicoense tem medo de chuva? Pra mim é novidade. Na minha época, chuva era sinal de banho na rua: todo mundo (leia-se: sobretudo o mundo dos homens) à procura de boas bicas. Dde resto, nem sempre posso ir à Festa de Sant'Ana. Esse ano devo ir. Ah, sim: que texto gostoso...
Um beijo.
Postar um comentário