domingo, 19 de julho de 2009

Confessionário

por Tahiane

I

Nunca fui poço de candura

nunca fui moça prendada

nunca me joguei da janela do quinto andar

não sou tudo, nem sou nada

nem navio, nem jangada

sou apenas alto mar...


II


Ando cansada de mim

E do frio que me rói os ossos

(em noites enluaradas)

E da febre que teima em ficar

Só pra me deixar em casa

Protegida da dureza do asfalto

E da incerteza dos amores sem asas

Quero brasa, calor, fins de tarde

Quero braços seguros

Abraços demorados

(segredo de estado)

Não relembrarei mais qualquer passado.


Quero a beleza das acácias em dias de sol,

Não o frio glacial das garrafas vazias...

Não vou mais chorar pelo vinho derramado.

Ando cansada das ressacas, das carcaças

E dos rostos de pessoas vazias

Que já foram embora

E eu nem percebi

Mas levaram consigo um pedaço de mim

Meus últimos olhares ensolarados

Guardados de amigos que eu não enxergo mais

A morte é mesmo de total confiança

E, nessas horas (não se pode negar)

Bastante conveniente...


III

Acordada,

(amanhecendo no sofá)

Sozinha,
sem cigarros...

A vida vazia,

O corpo dolorido,

A mente vazia,

O rosto sem vida,

A casa vazia,

A música que nunca para.

"Foi apenas um sonho"

-Melhor assim

1 comentários:

Moacy Cirne disse...

Muito bom (sobretudo a 1ª e a 3ª partes): seu melhor poema, acredito. Você tem a dicção apropriada para aqueles que fazem poesia.

Um beijo.

layout por WART :]